Seguindo o resultado da enquete feita no Blog, irei falar um pouco dos Caboclos na Umbanda. Sendo uma das linhas iniciais originais de entidades (Erês, Pretos Velhos, Caboclos e Exus) da Umbanda, sendo as demais linhas chamadas linhas auxiliares (Marinheiro, Boiadeiro, Malandros, Ciganos, etc.). A palavra Caboclo, em sua essência significa: mestiço, resultante de branco com índio, mas na concepção Umbandista se mostram como índios que habitaram as terras americanas a muito tempo atrás. Como todos sabem nem todos os Caboclos que se apresentam como tal, são realmente indígenas, mas apropriam-se dessa roupagem fluídica para executarem seus trabalhos no terreiro ao qual estão ligados, maior demonstração de tal fato é o Caboclo 7 Encruzilhadas, do médium Zélio Bernandino de Moraes, que na verdade era um Padre Português e usou a roupagem de um índio.
Os Caboclos são bem conhecidos de nossa Umbanda, sendo comumente responsáveis pelo desenvolvimento dos médiuns, alguns como chefes de cabeça. Não é difícil escutarmos histórias de caboclos vencendo demandas de seus filhos de fé e daqueles que procuram sua ajuda, são orientadores e guerreiros, deixam sempre conselhos sobre os caminhos da vida.
Geralmente associamos Caboclos às matas, o que por um lado não esta totalmente errado, mas a área de atuação dos Caboclos e Caboclas, não se restringe somente as matas. Os locais de atuação dependem muito da linha do Orixá ao qual o Caboclo é associado, por exemplo, Caboclos da linha de Xangô têm suas áreas de atuação em pedreiras, lajeados, etc. Assim normalmente temos os Caboclos de Oxalá, Ogum, Xangô, Yemanjá, Oxum, Iansã e os mais conhecidos os Caboclos de Oxossi. Os caboclos são sempre humildes e dentro dessa humildade conseguem transmitir todos seus ensinamentos e ajudar a todos que sempre procuram os terreiros. Cada Caboclo dentro de sua linha tem algumas características básicas que trazem dos Orixás, sendo elas:
Caboclos de Oxalá: A ligação fluídica dessas entidades com o médium começa pelo alto da cabeça, fazendo descer uma suave sensação de friagem pelo pescoço até os ombros, que passa rápido ao tórax, acelerando suavemente a respiração e a freqüência cardíaca, e do tórax ao abdômen, na região do plexo solar. Suas incorporações são bem suaves, mas pegam bem no médium. Falam pausadamente, calmamente, suas mensagens são sempre fortes, de profundo misticismo e grande riqueza moral. São alguns dessa linha: Caboclo Urubatão da Guia, Caboclo Guaracy, Caboclo Guarany, Caboclo Aymoré, Caboclo Tupy, Caboclo Ubiratan, Caboclo Ubirajara, entre outros.
Cablocos de Ogum: Uma boa curiosidade para os Caboclos de Ogum é que geralmente as entidades não se denominam “caboclos” e sim “oguns”, por exemplo, Ogum Delê, Ogum Rompe Mato, Ogum Beira Mar, Ogum de Malê, Ogum Megê, Ogum Yara, Ogum Matinata, etc. Essas entidades atuam no médium principalmente na região do estômago (Plexo Solar) e também no plexo frontal (região entre os olhos) e cardíaco, promovendo uma ligação forte no corpo astral do médium, começando pela cabeça, fixando seus fluídos pelas costas tornando a respiração acelerada. Dão uma espécie de meio giro com o tronco, levantam os braços e tomam o controle do físico. Quando bem incorporados dão uma espécie de brado, costumam andar de um lado para o outro, se expressando de forma vibrante, inteligente e exuberante. Estão sempre prontos para vencer as demandas de quem os procura.
Cablocos de Xangô: Assim como as entidades da linha de Ogum, os caboclos de Xangô, comumente não carregam o título caboclo antes dos nomes. Exemplos: Xangô Kaô, Xangô Pedra Preta, Xangô 7 Cachoeiras, Xangô 7 Pedreiras, Xangô Pedra Branca, Xangô 7 Montanhas, Xangô Agodô, etc. Costumam atuar no corpo do médium principalmente na região cardíaca, no qual marca o ritmo e a freqüência cardíaca astralmente falando. Atuam também na respiração, no mental e na região cervical, essa ligação começa com uma ligeira sensação que vem pelo alto da cabeça e depois atinge o pescoço fazendo-o girar levemente, ora pra direita, ora pra esquerda. Conforme os fluídos se fixam o entrosamento da entidade com o corpo astral se fortalecem produzindo alguns “arrancos”, sua chegada é caracterizada por um brado, parecendo um trovejar surdo, falam pouco, dão consultas rápidas e profundas.
Caboclos de Oxossi: Os “caboclos de pena” em sua grande maioria estão aqui, sempre em suas matas esses são da linha de Oxossi, O Caçador. Atuam manipulando as ervas sagradas, liberam as energias das plantas manipulando-as. Essas entidades se ligam ao corpo astral do médium lançando seus fluíidos pelas pernas, com ligeiros tremores que se comunicam com os braços, que são movimentados. Giram suavemente a cabeça, dobram o corpo todo do médium tomando-o por completo, finalizando com um brado forte. São entidades que falam claramente, sendo seus passes e trabalhos na mesma tônica, sempre evocam as forças da natureza, como bons conselheiros tocam sempre nos pontos essenciais dos problemas a serem resolvidos. Entre os conhecidos temos: Caboclo Arranca Toco, Caboclo Cobra Coral, Caboclo Tupynambá, Cabocla Jurema, Caboclo Pena Branca, Caboclo Arruda, Caboclo Araribóia, etc.
Caboclas das Águas (Yemanjá, Oxum, Iansã): Essas entidades atuam no corpo do médium na região frontal (entre os olhos), seus fluídos de contato vêm pela cabeça, braços e joelhos, dão um balanço em todo corpo do médium, levantando os braços em sentido horizontal e tremulando as mãos, balançando um pouco o tórax e a cabeça. Quando tomam o corpo do médium entoam um som típico de rara beleza e harmonia. Dão seus passes de descarrego, levando todas as demandas para as águas, são mestras na manipulação da água como fluído. Estão entre essas entidades: Cabocla Yara, Cabocla Estrela do Mar, Cabocla Indayá, Cabocla 7 Luas, Cabocla Dandaluna, Cabocla Jandira, etc.
Nossos Caboclos são acima de tudo guerreiros que vem de sua morada, de seu campo vibracional fazer seu trabalho em nossos terreiros, congas, searas, centros, cabanas, tendas, seja qual denominação tiver, sempre utilizando as ervas, fumos (fumaça como instrumento de limpeza), fogo (através de velas, lamparinas) e rezas, dentro de seus conhecimentos adquiridos pelas vivências ou não como verdadeiros pajés, índios e curandeiros.
Tão essenciais como qualquer entidade de Umbanda vencem nossas demandas, abrem nossos caminhos e mais que tudo, preparam nossos corações e espíritos para o caminhar nessa terra de tantas e tantas provações e obstáculos que nos tornam fortes.
Depois disto exposto, quero aqui reafirmar ao amigo (a) leitor (a) que não sou dono de nenhuma verdade, e nem digo que tenho a verdade única, apenas lanço aqui o conhecimento adquirido.
Que os bondosos Caboclos lhes tragam luzes de força e coragem para seguir nos caminhos, nas trilhas que devemos passar neste turrão de terra!
Salve o Caboclo Pena Branca, Salve Caboclo Guarany, obrigado por toda sua luz e abertura espiritual a mim cedida! Okêe Aroo meu Pai Oxosse!
Nando - ナンド
Meu caro, as denominações que você deu para alguns caboclos(os de ogum e xango) eu conheço como sendo os nomes do próprio Orixá, é o que alguns chamam de qualidade ou tipo do Orixá, Ogum rompe-Mato, Ogum Beira-Mar, Ogum mege.... Eu conheço como sendo os tipos de Oguns, de uma checada em outras fontes para confirmar isso, provavelmente as duas versões devem estar corretas, afinal de contas algumas variações ocorrem de nação para nação, mais que isso, as vezes de terreiro para terreiro. Gostei muito do seu Blog. Está de parabéns!!!
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