quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ensinamento de um Preto Velho...

 Meu amado Guia e Orientador, Pai Jeremias da Guiné! 
Adorei as Almas!
 
Cambone - O que é preciso para ser um Umbandista?
Pai Jeremias - Simples meu filho, basta ter fé, amor e disposição para caridade!

Cambone - Mas, só isso?
Pai Jeremias - Sim meu filho!

Cambone - E as outras coisas, os materiais, o local, os conhecimentos?
Pai Jeremias - Filho, conhecimento vem com o tempo, o local é você mesmo como templo de toda luz do criador, os materiais são complementos do que é mais importante sua fé sua dedicação!

Cambone - Então vou tentar começar minha jornada!
Pai Jeremias - Filho só mais uma coisa, não esqueça essa ferramenta...
Cambone - Qual meu Pai Velho?
Pai Jeremias - A HUMILDADE, a humildade para aprender, para ouvir!
Cambone - Obrigado meu Pai Velho!!
Pai Jeremias - Vá em paz meu filho e que Zambi lhe proteja! Saravá!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Ser Umbandista é...

Amar a Umbanda, amar seus Guias e Protetores...
Amar fazer a caridade, e praticar sempre o bem sem olhar a quem...

Descobrir dentro de si uma força que é desdobrada do AMOR SUPERIOR...
Descobrir o próximo como seu irmão nesta vida de provações...

Escolher por uma vida de lutas...
Escolher pelo caminho nem sempre fácil...

Ter forças para sempre lutar...
Ter a humildade de sempre ouvir e saber a hora certa de falar...

Saber que existem várias verdades e não uma única...
Saber que com seus Guias e Protetores você sempre vencerá.

E o mais importante existe um único DEUS, que recebe vários nomes e que se desdobra em vários raios de sua luz nossos amados Orixás!

A Umbanda é Paz, Amor e Caridade! Que a Luz Maior sempre nos Guie!


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Caboclos na Umbanda!


Seguindo o resultado da enquete feita no Blog, irei falar um pouco dos Caboclos na Umbanda. Sendo uma das linhas iniciais originais de entidades (Erês, Pretos Velhos, Caboclos e Exus) da Umbanda, sendo as demais linhas chamadas linhas auxiliares (Marinheiro, Boiadeiro, Malandros, Ciganos, etc.).  A palavra Caboclo, em sua essência significa: mestiço, resultante de branco com índio, mas na concepção Umbandista se mostram como índios que habitaram as terras americanas a muito tempo atrás. Como todos sabem nem todos os Caboclos que se apresentam como tal, são realmente indígenas, mas apropriam-se dessa roupagem fluídica para executarem seus trabalhos no terreiro ao qual estão ligados, maior demonstração de tal fato é o Caboclo 7 Encruzilhadas, do médium Zélio Bernandino de Moraes, que na verdade era um Padre Português e usou a roupagem de um índio.
Os Caboclos são bem conhecidos de nossa Umbanda, sendo comumente responsáveis pelo desenvolvimento dos médiuns, alguns como chefes de cabeça. Não é difícil escutarmos histórias de caboclos vencendo demandas de seus filhos de fé e daqueles que procuram sua ajuda, são orientadores e guerreiros, deixam sempre conselhos sobre os caminhos da vida.
Geralmente associamos Caboclos às matas, o que por um lado não esta totalmente errado, mas a área de atuação dos Caboclos e Caboclas, não se restringe somente as matas. Os locais de atuação dependem muito da linha do Orixá ao qual o Caboclo é associado, por exemplo, Caboclos da linha de Xangô têm suas áreas de atuação em pedreiras, lajeados, etc. Assim normalmente temos os Caboclos de Oxalá, Ogum, Xangô, Yemanjá, Oxum, Iansã e os mais conhecidos os Caboclos de Oxossi. Os caboclos são sempre humildes e dentro dessa humildade conseguem transmitir todos seus ensinamentos e ajudar a todos que sempre procuram os terreiros. Cada Caboclo dentro de sua linha tem algumas características básicas que trazem dos Orixás, sendo elas:
Caboclos de Oxalá: A ligação fluídica dessas entidades com o médium começa pelo alto da cabeça, fazendo descer uma suave sensação de friagem pelo pescoço até os ombros, que passa rápido ao tórax, acelerando suavemente a respiração e a freqüência cardíaca, e do tórax ao abdômen, na região do plexo solar. Suas incorporações são bem suaves, mas pegam bem no médium. Falam pausadamente, calmamente, suas mensagens são sempre fortes, de profundo misticismo e grande riqueza moral. São alguns dessa linha: Caboclo Urubatão da Guia, Caboclo Guaracy, Caboclo Guarany, Caboclo Aymoré, Caboclo Tupy, Caboclo Ubiratan, Caboclo Ubirajara, entre outros.
Cablocos de Ogum: Uma boa curiosidade para os Caboclos de Ogum é que geralmente as entidades não se denominam “caboclos” e sim “oguns”, por exemplo, Ogum Delê, Ogum Rompe Mato, Ogum Beira Mar, Ogum de Malê, Ogum Megê, Ogum Yara, Ogum Matinata, etc. Essas entidades atuam no médium principalmente na região do estômago (Plexo Solar) e também no plexo frontal (região entre os olhos) e cardíaco, promovendo uma ligação forte no corpo astral do médium, começando pela cabeça, fixando seus fluídos pelas costas tornando a respiração acelerada. Dão uma espécie de meio giro com o tronco, levantam os braços e tomam o controle do físico. Quando bem incorporados dão uma espécie de brado, costumam andar de um lado para o outro, se expressando de forma vibrante, inteligente e exuberante. Estão sempre prontos para vencer as demandas de quem os procura.
Cablocos de Xangô: Assim como as entidades da linha de Ogum, os caboclos de Xangô, comumente não carregam o título caboclo antes dos nomes. Exemplos: Xangô Kaô, Xangô Pedra Preta, Xangô 7 Cachoeiras, Xangô 7 Pedreiras, Xangô Pedra Branca, Xangô 7 Montanhas, Xangô Agodô, etc. Costumam atuar no corpo do médium principalmente na região cardíaca, no qual marca o ritmo e a freqüência cardíaca astralmente falando. Atuam também na respiração, no mental e na região cervical, essa ligação começa com uma ligeira sensação que vem pelo alto da cabeça e depois atinge o pescoço fazendo-o girar levemente, ora pra direita, ora pra esquerda. Conforme os fluídos se fixam o entrosamento da entidade com o corpo astral se fortalecem produzindo alguns “arrancos”, sua chegada é caracterizada por um brado, parecendo um trovejar surdo, falam pouco, dão consultas rápidas e profundas.
Caboclos de Oxossi: Os “caboclos de pena” em sua grande maioria estão aqui, sempre em suas matas esses são da linha de Oxossi, O Caçador. Atuam manipulando as ervas sagradas, liberam as energias das plantas manipulando-as. Essas entidades se ligam ao corpo astral do médium lançando seus fluíidos pelas pernas, com ligeiros tremores que se comunicam com os braços, que são movimentados. Giram suavemente a cabeça, dobram o corpo todo do médium tomando-o por completo, finalizando com um brado forte. São entidades que falam claramente, sendo seus passes e trabalhos na mesma tônica, sempre evocam as forças da natureza, como bons conselheiros tocam sempre nos pontos essenciais dos problemas a serem resolvidos. Entre os conhecidos temos: Caboclo Arranca Toco, Caboclo Cobra Coral, Caboclo Tupynambá, Cabocla Jurema, Caboclo Pena Branca, Caboclo Arruda, Caboclo Araribóia, etc.
Caboclas das Águas (Yemanjá, Oxum, Iansã): Essas entidades atuam no corpo do médium na região frontal (entre os olhos), seus fluídos de contato vêm pela cabeça, braços e joelhos, dão um balanço em todo corpo do médium, levantando os braços em sentido horizontal e tremulando as mãos, balançando um pouco o tórax e a cabeça. Quando tomam o corpo do médium entoam um som típico de rara beleza e harmonia. Dão seus passes de descarrego, levando todas as demandas para as águas, são mestras na manipulação da água como fluído. Estão entre essas entidades: Cabocla Yara, Cabocla Estrela do Mar, Cabocla Indayá, Cabocla 7 Luas, Cabocla Dandaluna, Cabocla Jandira, etc.
Nossos Caboclos são acima de tudo guerreiros que vem de sua morada, de seu campo vibracional fazer seu trabalho em nossos terreiros, congas, searas, centros, cabanas, tendas, seja qual denominação tiver, sempre utilizando as ervas, fumos (fumaça como instrumento de limpeza), fogo (através de velas, lamparinas) e rezas, dentro de seus conhecimentos adquiridos pelas vivências ou não como verdadeiros pajés, índios e curandeiros.
Tão essenciais como qualquer entidade de Umbanda vencem nossas demandas, abrem nossos caminhos e mais que tudo, preparam nossos corações e espíritos para o caminhar nessa terra de tantas e tantas provações e obstáculos que nos tornam fortes.
Depois disto exposto, quero aqui reafirmar ao amigo (a) leitor (a) que não sou dono de nenhuma verdade, e nem digo que tenho a verdade única, apenas lanço aqui o conhecimento adquirido.
Que os bondosos Caboclos lhes tragam luzes de força e coragem para seguir nos caminhos, nas trilhas que devemos passar neste turrão de terra!
           Salve o Caboclo Pena Branca, Salve Caboclo Guarany, obrigado por toda sua luz e abertura espiritual a mim cedida! Okêe Aroo meu Pai Oxosse!
Nando -

terça-feira, 15 de março de 2011

Cara novaa!!

Bem amigos e amigas, irmãos de fé, enfim aqueles que dão uma passadinha pelo blog, estou tentanto aumentar a interatividade entre nós (eu e vocês), além de colocar pontos e cantigas para uma boa degustação de nossos ouvidos hehe, irei lançar enquetes sobre os assuntos que postarei aqui no blog, por isso, na area destinada aos comentários, façam seus pedidos, perguntem, estou aqui para poder auxiliar no que estiver ao meu alcance! Fiquem todos na paz de Oxalá e com as bençãos do meu Pai Oxossi, que todos os Orixás derramem luz e conhecimento em vossos caminhos!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Quem é Exu?

Quem é Exu?

O criador apenas me incumbiu de cuidar dos seres humanos, cada um com suas manias e defeitos.  "Cuidar" significa acompanhar, conduzir, ensinar, corrigir, punir, resgatar... Já sofri muito nestas trevas, minha missão é auxiliar àqueles que chegam aqui para que retornem aos seus caminhos pela pureza dos sentimentos, pelo amor ao Divino Criador e pelo amor ao próximo. Estou nas trevas para sustentá-los e só pelo amor que sinto por vocês ganho forças para continuar minha missão. Muitos não merecem, mas, o combinado foi tentar resgatar todos. Minhas gargalhadas são evidências que enxergo o teu íntimo, que vejo mais e mais coisas que às vezes nem preciso comentar, você mesmo chega numa conclusão.
Sou temido, sou amado e odiado, sou duro e maleável, sou certo e errado, sou o que sou. Só não sou o diabo, esta entidade maléfica que o próprio ser humano criou. Não sou malvado, executo minhas tarefas conforme o grau de merecimento de cada um. Pergunto: Se eu cruzar o teu caminho, te recebo com um abraço ou com o fio da minha espada?
Minha falange tem milhões de homens, todos resgatados dos piores tormentos e agora lutam para galgar alguns degraus. Ao meu lado terão somente glórias, pois, respondo aos senhores Orixás da Umbanda Sagrada que a cada tarefa passada há a sua importância e com muita honra são executadas.
Então aqui fica meu recado: Sou Exu, trabalho nas trevas por amor a você ser humano. E chega de conversa!

Por Ubirajara Novaes
O Texto abaixo faz parte do: www.jornaldeumbanda.com.br
Em sua 4ª Edição Virtual. Visite o site e confira o jornal na integra

Neste texto fica claro como Exu se porta de maneira consciente do seu trabalho, do que lhe foi incumbido, o que torna esta entidade tão controversa é o ser humano, que não aceita ter seu “freio puxado”.  Nós encarnados sentimos uma imensa raiva quando temos nossa atenção chamada e como dizem no ditado popular: “A verdade dói!”, e dói mais ainda quando dita de forma a nos corrigir!
Os nossos amigos Exus não temem em nos dizer essas verdades, não por maldade, mas sim como forma de nos despertar e nos livrar dos erros que cometemos e assim nos livrar de tormentos piores que esperam por nós após o desencarne. A missão de Exu não é ser bom ou ruim e sim nos auxiliar, torná-los demônios é serviço de gente que não tem fundamento, não procura saber como a Lei Maior trabalha e o pior é uma grande discriminação. Você não vê Exu baixando somente pra falar de Igreja ou religião alguma, eles acima de tudo dão o exemplo que picuinhas assim não fazem parte do caminho deles.
Portanto caro amigo e irmão de fé, não guarde mágoas de quem lhe desrespeita como Umbandista, se você sabe realmente que este é seu caminho trilhe ele na sua essência, sempre cultuando os preceitos básicos da Umbanda: Amor ao próximo, caridade e humildade!
Sempre que necessitar chame pelos Exus e peça sua ajuda na resolução de seus problemas e esteja preparado para ser transformado, entenda a forma de Exu trabalhar! Que a luz maior de meu Pai Oxalá esteja sempre com vocês e a força de Oxossi nos traga força! Que Zambi nos de paz e sabedoria!
Nando.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Diálogo entre Oxalá e Exu


O céu e a terra fundiam-se no horizonte distante, parecendo uma coisa só, como se não houvesse separação entre o mundo espiritual e o material, a consciência individual e a cósmica.
Sentado sobre uma pedra em uma enorme montanha, de cabeça baixa e olhos apenas entreabertos, Exu observava o fenômeno da natureza e refletia sobre o seu interminável trabalho.
Como é difícil a humanidade – pensou em certo momento – parece nunca estar satisfeita, está sempre querendo mais e, em sua essência egoísta desarmoniza tudo, tudo... Tudo que era para ser tão simples acaba tão complicado.
Com os olhos habituados a enxergar na escuridão e na distância, Exu observou cada canto daqueles arredores. Viu pessoas destruindo a si mesmas através de vícios variados, viu maldades premeditadas e outras praticadas como se fossem atos da mais perfeita normalidade. Viu injustiças, principalmente contra os mais fracos e indefesos. Com seus ouvidos, também atentos a tudo, ouviu mentiras, palavras de maledicência, gritos de ódio e sussurros de traição.
Exu suspirou.
Serei eu o diabo da humanidade? – pensou ironicamente, ao lembrar o quanto era associado à figura do demônio. Passou horas observando coisas que estava habituado a ver todos os dias: mentiras, fraudes, corrupção, traições, inveja, e uma gama enorme de sentimentos negativos.
Foi quando estava imerso nesses pensamentos que Exu ouviu uma voz ao seu lado, dizendo naquele tom austero, porém complacente:
Laroyê, Senhor Falante.
Exu ergueu os olhos e vislumbrou a figura altiva de Oxalá.
Èpa Bàbá – respondeu Exu, fazendo um pequeno movimento com a cabeça, em sinal de respeito.
Noto que está pensativo, amigo Exu – falou Oxalá.
Exu respirou fundo, contemplou novamente o horizonte e respondeu:
Trabalhamos tanto... e incansavelmente, mas os homens parecem não valorizar nosso esforço.
Oxalá moveu os lábios para dizer algo, mas antes que isso acontecesse, Exu, como que prevendo o que seria dito, continuou:
Não falo em tom de reclamação, sou um trabalhador incansável e o amigo sabe disso. É com prazer que levo o que tem ser levado e retiro o que deve ser retirado. É com satisfação que abro ou fecho os caminhos, de acordo com a necessidade de cada um, é com resignação que acolho sobre minhas costas largas a culpa do mal que muitos espíritos encarnados e desencarnados fazem, não reclamo do meu trabalho. Sou Exu, para mim não existe frio ou calor, cansaço ou preguiça, existe apenas a necessidade de cumprir a tarefa para qual fui designado.
Se mostra tão resignado e, no entanto, parece que deixa-se abater pelo desânimo – comentou Oxalá, apoiando-se em seu paxorô.
Exu soltou uma gargalhada, ao que Oxalá deu um leve sorriso, com um movimento quase imperceptível no canto direito dos lábios.
Não sou resignado nem tampouco estou desanimado – falou Exu – estou pensativo sobre pouca inteligência dos homens. Veja só: como responsável pela aplicação da Lei Cármica observo muita coisa. Observo não apenas o sofrimento que alguns homens impõem a si mesmos, mas vejo também as incessantes oportunidades que o Universo dá a cada um dos seres que habitam a Terra. O aprendizado que tanto precisam lhes é dado por bem, mas quase nunca enxergam pelo amor, então lhes é dada a oportunidade de aprender pela dor, mas geralmente só lembram a lição enquanto a dor está a alfinetar sua carne. Com o alívio vem o esquecimento e todos os erros e vícios voltam a aflorar.
Oxalá fez menção de dizer algo, mas com o dedo em riste entre os lábios, novamente Exu o impediu de falar.
Ouça – disse Exu, colocando a mão em concha na orelha, como se ele e Oxalá precisassem disso para ouvir melhor. E ambos ouviram o som que vinha da Terra. O som da inveja, dos maus sentimentos, da maledicência, da promiscuidade, da ganância. Exu deu outra gargalhada e disse:
Percebe? Temos trabalho por muitos séculos ainda.
E isso não é bom? – perguntou Oxalá, que dessa vez não deixou Exu responder e continuou:
Pobres homens, ignorantes da própria grandeza espiritual e da simplicidade do Universo. Se não desconhecessem tanto o funcionamento das coisas, seriam mais felizes.
Não estão preocupados em discernir o bem do mal – resmungou Exu.
E você está, Senhor Falante? – tornou Oxalá.
Mais uma vez Exu gargalhou.
Para mim não existe o bem ou o mal. Existe o justo, bem sabe disso.
Então por que tenta exigir esse discernimento dos pobres homens?
Eu conheço os caminhos – respondeu Exu um tanto irritado – para mim não existem obstáculos, todos os caminhos se abrem em encruzilhadas. Para mim as portas nunca se fecham e as correntes nunca prendem. Conheço o sutil mistério que separa aquilo que chamam de bem daquilo que chamam de mal. Não sou maniqueísta, não sou benevolente, pois não dou a quem não merece, mas também não sou cruel, pois sempre ajo dentro da Lei. Os homens, coitados, acreditam na visão simplista do bem e do mal, como se todo o Universo, em sua “complexa simplicidade” se resumisse apenas entre o bem e o mal.
Pobres homens – repetiu Oxalá.
Pobres homens – concordou Exu – mesmo olhando o Universo de uma forma tão simplista, dividido apenas entre bem e mal, acabam sempre demonizando tudo, achando que o mal é o melhor caminho para conseguir o que desejam ou então acreditam que são eternas vítimas do mal. E o que é pior, quase sempre eu é que sou o culpado.
Mas é você o responsável pelo mal? – perguntou Oxalá, admirando o horizonte.
Sou justo, apenas isso – respondeu Exu.
Não seria a justiça uma prerrogativa de Xangô? – tornou o maior dos orixás.
Exu olhou fundo nos olhos de Oxalá e respondeu:
Estou a serviço do Universo, de cada uma das forças que o compõe, inclusive do Senhor da Justiça.
Isso significa que trabalha em harmonia com o Universo, caro Exu?
Imaginei que soubesse disso – respondeu Exu, irônico como sempre.
Acho que sempre soube. Quando observo o horizonte e vejo o céu fundindo-se à Terra, percebo o quanto o material pode estar ligado ao espiritual. Mas também lembro que o sol vai raiar e acredito que apesar de todas as dificuldades que os próprios homens criam, é possível acender a chama da fé em seus corações. Percebo o quanto eles são falhos, mas percebo também o quanto são frágeis e precisam de nós – e nesse momento pousou a mão sobre o ombro de Exu – sejam dos que trabalham na luz ou na escuridão, pois tudo faz parte do Uno e se inter-relacionam. O mesmo homem que hoje está nas profundezas mais abissais, amanhã pode ser o mensageiro da luz.
Exu olhou para os olhos de Oxalá, como se não estivesse concordando, mas dessa vez foi Oxalá quem não deixou que o outro falasse, prosseguindo com sua narrativa:
Se não fossem os valorosos guardiões que trabalham nas regiões trevosas, dificilmente os que ali sofrem um dia alcançariam o benefício da luz. Se houvesse apenas a luz, não haveria o aprendizado, que tem como ponto de partida o desconhecimento, as trevas. O Universo tão simples é ao mesmo tempo tão inteligente, que mesmo nós, que observamos os homens a uma distância grande, às vezes nos surpreendemos com sua magnitude. Os homens são frutos que precisam amadurecer e você, amigo Exu, é a estufa que os aquece até o ponto certo da maturação e eu sou a mão que os colhe como frutos amadurecidos.
Quem diria que trabalhamos em harmonia? – disse Exu em meio a um sorriso – acreditam que vivemos a digladiar quando na verdade trabalhamos em busca de um mesmo objetivo: o aprimoramento da raça humana.
Oxalá só não soltou uma gargalhada porque não era esse seu hábito (e sim o de Exu), mas disse sem conseguir esconder o contentamento:
Então, companheiro Exu, não temos porque lamentar. A ignorância em que vivem os homens é sinal de que ainda temos trabalho a realizar. A pouca sabedoria que possuem significa que ainda estão muito próximos ao ponto de partida e cabe a nós, não importa se chamados de “direita” ou “esquerda”, auxiliá-los em sua caminhada, que é muito longa ainda. Apenas contemplar as mazelas dos corações humanos não irá auxiliá-los em nada. Sou a luz que guia os olhos da humanidade e você é o movimento que não a deixa estática. Se pararmos por um segundo sequer, atrasaremos em séculos e séculos o progresso da raça humana, que tanto depende de nós.
Nesse momento o sol começou a raiar timidamente no horizonte, separando o céu e a Terra. Exu levantou-se da sua pedra e se pôs a caminhar montanha abaixo.
Aonde vai, Senhor Falante? – perguntou Oxalá, como se não soubesse.
Vou trabalhar, Senhor dos Orixás – respondeu Exu gargalhando novamente – Esqueceu que sou um trabalhador incansável e que trabalho em harmonia com o Universo, mesmo que ele me imponha à luz do sol?
Oxalá não respondeu, mas esboçou um sorriso tímido. Assim trabalhava o Universo: sempre em harmonia. Os homens, mesmo ainda presos a tantos conceitos primários, trilhavam os primeiros passos em direção ao progresso, pois não estavam órfãos de seus orixás e protetores.
 
Um belo texto para reflexão e crescimento evolutivo... uma contribuição da minha amiga Crystal!!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Comentem, questionem...

Ola amigas e amigos, irmãos de fé e todos que dão uma passadinha aqui pelo blog, sintam-se a vontade para comentar e até mesmo fazer perguntas no que estiver ao meu alcance tentarei sanar as duvidas! Aguardo a interatividade com vocês!